Lembrei-me de uma camisa que eu tinha.
De listras horizontais azuis.
Era uma camisa talismã.
Sempre que a usava coisas boas
aconteciam - cinema, parque,
dinheiro pra figurinhas.
Eu tinha nove anos e já pressentia
o valor enigmático das coisas.
Onde está essa camisa?
A terra comeu-a, mas
quem a enterrou?
Cresci e ainda me lembro
que essa camisa com o tempo
e com o florar de uma razão idiota
joguei-a a um canto e por fim ela foi doada.
Não sei, bobagem, mas tenho
dentro do meu coração uma suspeita -
acho que ela ainda está viva, desbotada,
velhinha mesmo, contudo ainda está viva.
No mínimo devo tratar essa camisa
como gente e não como coisa.
Quando a tratei assim,
deixei-a de lado e perdi a infância.
Deixe ela de lado.
ResponderExcluirSe busca-la perderá novamente sua infância...
Abraço de boa noite Domingos...
ResponderExcluirMinha saia azul com a blusa presa gola de balé, com a qual escrevi os primeiros versos de amor...onde foi parar? Guardei em algum lugar, escondi de mim...nunca achei.
Beijos,