quarta-feira, 21 de novembro de 2012

sóbrio de fogo

Agora quando fecho os olhos e suspiro
não tenho mais a esperança de um trago.

Morrerei com a garganta seca
e os passarinhos à minha janela
gritam desesperados -
"não, poeta!"

Mas é tarde.
O fundo do poço
secou e lá não posso
cruzar as pernas e voar.

As nuvens brincando
confortam os passarinhos.

Brincam mudando de rosto,
e o que vejo? Eu sorrindo.

Riso amplo e confortável
de quem lavou as mãos
e não bebeu do vinho.




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