Ninguém é culpado
se o poema não vingou
e pouco a pouco foram
murchando seus poros
caindo suas escamas
soltando as penas
das asas opacas.
Outro dia você saberá
qual a técnica apropriada -
se a ferramenta contundente
de um fórceps ou o bico
de uma pinça banhada
a ouro 18.
Talvez no outro dia
você esteja de fato atento
e não se deixe levar por um ruído
ou por uma imagem descabida que lhe veio
à mente justo no momento em que você mordia
os lábios e abria a boca para a sua língua respirar.
Não foi sua culpa,
acalme-se.
A palavra final é do poema:
ele tem de estar a fim
de sair da toca
e oferecer o corpo para uma doação de órgão
em que o poeta também tem de estar pronto
para morrer e receber de braços abertos
o poema e todas as suas minúcias.
Morra,
poeta.
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