quinta-feira, 22 de novembro de 2012

passeios

Ninguém é culpado
se o poema não vingou

e pouco a pouco foram
murchando seus poros

caindo suas escamas
soltando as penas
das asas opacas.

Outro dia você saberá
qual a técnica apropriada -

se a ferramenta contundente
de um fórceps ou o bico
de uma pinça banhada
a ouro 18.

Talvez no outro dia
você esteja de fato atento

e não se deixe levar por um ruído
ou por uma imagem descabida que lhe veio
à mente justo no momento em que você mordia
os lábios e abria a boca para a sua língua respirar.

Não foi sua culpa,
acalme-se.

A palavra final é do poema:
ele tem de estar a fim
de sair  da toca

e oferecer o corpo para uma doação de órgão
em que o poeta também tem de estar pronto
para morrer e receber de braços abertos
o poema e todas as suas minúcias.

Morra,
poeta.

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