Hoje em dia respondo tranquilamente
quem sou, mas não sai palavra
alguma.
É um saber oculto,
bem guardado.
Posso morrer de qualquer tolice
sem assombros porque sei
quem sou, embora
da garganta palavra
alguma me delate.
É um saber silencioso
que se aprende com o tempo.
O meu tempo é diferente
do tempo do relógio parado na parede da sala
e do relógio de pulseiras coloridas do meu filho.
Sei quem sou e esse saber
não me pega pela mão
beija meu rosto e diz
com voz de mãe -
"vai em paz e que o mal
não te alcance..."
Alcança, enlouquece, tritura ossos, mói a carne.
Esse saber indizível é como punho de pai bêbado.
Mas, como não alegrar-se?
Sabendo de mim, antes do escurecer, posso fingir-me de morto.
E antecipar a dor de um soco de um pai bêbado e esconder os dentes da boca.
ResponderExcluirUau, fortíssimo, plutônico, saber-se quem, mas não encontrar palavra que possa revelá-lo.
Queria ter teus poemas escritos nos muros das cidades, nas paredes da casa, em nuvens, no céu...
Beijos,