Permita-me ser um canalha
dizer como a vejo no quarto.
Não me venha então com lirismo timido
se o que você deseja lateja dentro
do meu bermudão.
Espantada com minha vulgaridade?
Então corra da minha casa e fuja
pra floresta encantada de anões
cruéis e tarados.
Esses anões com quem você lê poesia
são todos mais patifes que eu e dizem
pra você que só são homenzinhos
de chapéu verde e tristonhos.
O que sempre desejei de você
e todas as outras foi o corpo -
sem forçar um músculo
vê-la se despindo
é meu ato de fé.
Você nem imagina que escrevo versos
pra um dia tê-la na minha cama
sem esse papo de poesia -
ler poesia na cama
é uma chatice.
É hora de você fugir,
pois agora está claro
que o meu sonho
são suas coxas,
costas, orelhas.
Os seus olhos só quando eu acordar.
Afinal preciso dar bom dia para um anjo.
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