sexta-feira, 16 de novembro de 2012

água para leões

A minha altivez vem da forma
que me sento para escrever poema.

Estufo o peito,
respiro pra dentro,
encolho o abdome.

Somente assim consigo
lutar contra os dragões.

Dizem que temos de matar um leão por dia
para continuarmos vivendo com coragem.

Eu não mato leões -
eu lhes dou de beber.

Os leões não reclamam da água
que lhes ofereço - às vezes água
de chuva, às vezes água
do mar.

Só uma vez, que me lembre,
perdi o braço - acreditei
em um leão dormindo.

Meu filho, nunca entres em uma jaula
ou em uma cova com leões
mesmo que digam
que és santo.

Perdi um braço,
mas eis-me cá insone
usando os dois braços:

o poema depois que começamos
juntar os ossos é um  trabalho infinito.


4 comentários:

  1. E vamos juntando esses ossinhos. Cada hora formamos uma peça diferente. No final de uma vida teremos muito a contar hein!!!

    Gostei muito!
    Abraço!

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  2. Olá Lacaio! Como me encanta ler suas poesias! São metáforas bem pensadas e aplicadas, adoro! Um beijo de fera pra ti grande Poeta.

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  3. Ah, os leõs, os leões!!!!

    Beijos, poeta

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  4. quem foi que disse que o leão é feito de cordeiros assimilados,



    abraço irmão

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