sexta-feira, 23 de novembro de 2012

um dia florido

Ando em zigue-zague
até à pracinha e lá
esperam-me eles,
os pombos.

Por meu olhar mortão e suave, 
sabidos que são, suspeitam 
que estou tomando 
remédio.

Peço que deem o fora 
que tenho muito trabalho.

Os pombos sabem a que me refiro.
Espalham-se e me deixam, enfim,
sozinho com as flores.

Ponho meu chapelão de palha
e inicio meu estudo complexo
sobre a vida íntima das flores.

Sou um ótimo terapeuta
pras flores revoltadas
com o calor

ou para aquelas enlouquecidas
de tantas abelhas em suas pétalas.

Explico pras primeiras
que realmente o sol é um caso sério
e o melhor que fazem é rezar pra chuva.

Às últimas, psicóticas, determino
diariamente a cada uma
20 ml de água do mar.

Chamo o jardineiro
repasso a orientação médica
e volto pra casa em zigue-zague.

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