Você viverá muito,
minha querida.
Andará pela casa
segurando-se em mesas,
cadeiras, cômoda, portas.
Beberá seu vinho
às gargalhadas.
E tarde da noite fará amor
com a minha fotografia.
Você, minha querida,
não mudará de gosto.
Os seus vestidos
continuarão azuis.
Não queira saber onde estou
depois que parti desse mundo.
Faça amor com a minha fotografia.
Não é um insulto você velhinha
e eu com essa barba rala
ainda jovial.
Você me conhecia bem por dentro.
Somos todos tão velhos, minha querida.
Aqui também envelhecemos e tropeçamos.
Você viverá muito tempo.
Saberá o que fazer da saudade.
Mas o que me emociona é você
na cama com a minha fotografia.
É maravilhoso vê-la
com as mãos trêmulas
procurando me fazer feliz.
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