Amigo, não queira saber
como se desvirgina uma formiga:
não é com o falo mas com o olhar.
Tímida, corre pela mesa
escondendo a alma -
entretanto um monge
sabe onde encontrar
a porta de entrada.
Amigo, vê se adivinha
como se desvirgina uma formiga:
não é com o silêncio mas com a palavra.
De ferro em brasa nos lábios
foge dos verbos e nomenclaturas
mas um esquizofrênico tem a ideia
como queimar a épica bula dos versos.
Trava-se, então, a loucura
(a doce singeleza) entre
o poeta e a formiga:
o primeiro hábil arqueiro
a segunda detentora
do reino.
Amigo, ah, amigo,
não se chega nunca
a um acordo decente.
Hei de lhe comprar alma
com algum tipo de migalha.
Somente assim a formiga permite
que eu beije o seu abdome
e nela faça um filho.
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