Os cães, dizem os seus donos,
nunca esquecem quem os alimenta.
E as botas largadas debaixo da escrivaninha
haverão de esquecer os pés do lenhador de gravetos?
Receio que ao calçá-las
elas rosnem e me mordam.
Faz séculos que mofam
com os seus bicos sisudos
presos às paredes por teias.
Como me lembro da felicidade delas
mascando chicletes e pisando folhas secas
imbatíveis em calçadas douradas ou chuvosas.
Era um reino de músculos,
de passos fortes e sonhos.
Agora, ei-las -
com os seus bicos sisudos
presos às paredes por teias.
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