quarta-feira, 18 de março de 2020

Spoiler

Não me lembro
de quantas vezes
e por quanto tempo
o meu coração parou.

Acredito que durante
as milhares de vidas
que tive.

Na infância era tão comum o meu coração parar de bater
quando nuvens mudavam de fisionomias em cumplicidade

com os pensamentos
do meu espírito
de criança.

Dragões, corsários,
trens, moinhos,
cavalos -

em questão de segundos
transformavam-se
em montanhas,
xícaras,
botas.

Assim,
do nada.

A partir da mocidade
foram as mulheres
a causa única.

E até hoje
meu coração
vive parando:

Advogadas,
dentistas,
colegiais.

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