domingo, 8 de março de 2020

Quarentena

Então chegada a hora
de te pedir perdão
e pintar tuas
unhas.

Dei voltas escrevendo
sobre plantas e pombos
fugindo da tua presença.

Mas eis que chegada a hora
de ir pescar pérolas na tua caverna
no fundo do mar em áreas misteriosas.

Fiz o possível
para terminar
de ler o livro.

Mas como passar as páginas
se os meus dedos se grudam
nas lembranças de teus cabelos?

Espera que já monto no meu cavalo adornado
de medalhas de latão e máscara de fios de ouro.

Ao ouvires o trote sobre a tua rua
mira a espingarda de teu avô
e acerta o meu peito.

Não corras, docinho,
pra ver o meu sangue.

É tão triste e vã
a morte do poeta.


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