sexta-feira, 6 de março de 2020

Ogro

Da minha existência
é tão óbvia a eternidade.

Os poemas escritos,
rasgados, queimados,
apagados ou esquecidos

pertencem a quem passou
por eles a vista ou a alma.

O único direito que tenho
sobre os versos que escrevi

é a imaginação
das sombras.

Nunca fui senhor
dos meus atos.

A embriaguez
dos meus sentidos
(por força e delírio)
nasceu do que não sou.

A imaginação é o rito primário
daquele que não se conhece.

E caio profundamente
agradecido às palavras
que pouco tiveram rancor
senão em tolices do espírito.

Morra o poeta
nem o vento
tragará

os seus
ossos.

2 comentários:

  1. Mas que alegria ver um comentário seu no meu humilde e velho blog um poeta tão grande como tu! Amei essa poesia! Salve! A imaginação é a nossa arte! Beijos

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  2. Querida poeta Luiza Maciel Nogueira, somos todos filhos e filhas dessa grande e inevitável imaginação... beijo carinhoso, minha amiga... Salve!

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