E batem à porta
viajantes de terras exóticas
carregados de ouro e lindas mulheres
oferecendo-me luxúria, contentamento, companhia.
E eu os expulso da soleira
a gritar feito um louco -
"não! a minha morte
já traz nas faces o brilho do ouro
e nos decotes das vestes toda a volúpia
de que o poeta necessita para morrer sedento!"
Não demoram, esses mesmos viajantes
carregados de pedras preciosas
e mulheres deslumbrantes
ressurgem oferecendo
a mais doce companhia.
E eu os expulso novamente
a gritar mais colérico -
"não! a minha poesia
já reluz nos olhos rubis exuberantes
e tem os seios apetitosos e as coxas roliças de incríveis virgens
com que um homem-bomba sonha no paraíso!"
Algo só me perturba quando ouço
os passos das mulheres dos viajantes
descendo a escada - como se a qualquer
instante fosse a vizinha bater à minha porta.
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