quarta-feira, 31 de julho de 2013

o ciúme é um vinho embriagante

Quando cheguei ele já estava
sentado ao teu lado oferecendo-te
quitutes à tua boca e te fazendo gracejos.

O correto, como manda o figurino
de um lorde de sangue frio, era
simplesmente sorrir, acenar,
ir ao balcão, pedir
um drinque.

Só que tu esqueces
que não sou um lorde.

E o meu sangue é quente: sertanejo,
senhor de engenho, pistoleiro de família.

Além do que - dorme dentro do meu coração
entre essas cavidades sanguíneas uma vespa
que detesta ser acordada da sua sesta
antes das seis da tarde.

Explica essas questões culturais a ele,
enquanto estiveres revezando o bife
de um olho ao outro do sujeito.

Não te esqueças de meter-lhe no bolso
a passagem de ida e nunca mais pise
na tua casa esse gringo casquilho,
canalha, almofadinha.

Lembra-lhe no aeroporto meu último conselho:
"a sorte às vezes é uma mãe esquecida
que tranca o filho recém-nascido
dentro do carro."


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