domingo, 21 de julho de 2013

a lâmina do barbeador veste vermelho

Se alguma noite
ao fazer a barba
não cortar meu rosto
enterrem-me pois estarei morto.

Interrogo-me o que seria da lâmina do barbeador
sem o sangue dos seus filhos lunáticos que escolhem
a luz da lâmpada contra o espelho para melhor enxergar
o queixo, os lábios, o sinalzinho que sempre corto ao meio.

E cresce o sinalzinho
em três a quatro dias.
De novo passo a lâmina.

Esse nosso jogo de flerte
é uma das razões para
não desejar a morte
tão cedo.


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