quinta-feira, 3 de março de 2011

o prelúdio dos jardins

Hoje só trabalho de tarde.
Só vou pra rua depois do almoço.

Tenho tempo para escrever alguma coisa
que se pareça com poesia boa e delicada.

Alguma coisa que tu gostes
que te faça me amar um pouco.

Tirei essa manhã pra escrever alguma coisa
que te bula ainda deitada

[naquele processo de espreguiçar pernas
e braços e bocejar e esfregar os olhos]

Alguma coisa boa e delicada
que D. Quixote se emocione
e Dulcineia Del Toboso
enfim compreenda
que os moinhos
são monstros.

Não vou pra rua agora.
Tenho algumas horas
pra te dizer que não morre
essa alma pendurada nos meus cílios.

Se é tua a alma
é outro departamento.

Talvez eu precise de mais tempo
(o carnaval será ótimo)

quem sabe eu escreva alguma coisa
que tu gostes e me respondas de volta
propondo-me um jantar à luz de velas
sei lá tu que sabes eu só sei por que
não fui trabalhar hoje:

para escrever alguma coisa boa e delicada
que toque o teu coração e te faça pensar diferente
sobre esse poeta meio louco e cínico que vive enfurnado
dentro do quarto amando sem medidas os objetos da casa.

[mais tarde pelas ruas refletirei melhor se
sou de fato um vegetal ou um herói de olhar triste]

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