Minhas botas eu sei o quanto vocês amam os poodles.
Mas por favor deixem nas calçadas o cocozinho deles.
Encerrada essa mania de fezes pregadas nas solas.
Compreendo que toda paixão é débil
mas esse fetiche é repugnante.
Se eu sentir esse cheiro desagradável
quando eu for ler ou dormir juro
que deixo o par dentro do cesto
de roupa suja por um mês.
Quanto a você formiguinha líder da torcida
fiquei tão triste ao saber que de madrugada
as minhas barras de cereal eram devoradas
de maneira egoísta sem o mínimo respeito.
Em menos de uma semana duas caixas
sumiram por mágica e avidez.
Um passarinho contou-me tudo:
você líder da torcida por quem
eu tinha tanta consideração
sempre arrastava junto
toda a tropa
e faziam a festa.
Se houver outro saque na calada da noite
saibam que ponho todas de castigo
coladas na vidraça com os olhos
voltados pro sol do meio-dia.
Por último, ah,
que feio minha xícara.
Eu nunca forcei o vosso relacionamento com a cafeteira.
Mas traí-la com o açucareiro enquanto eu bebia água
enquanto eu lavava os pratos enquanto eu fazia pipoca
não esperava tamanha luxúria.
Aqueles chupões.
Aquelas bulinações.
Aquele coito de kama sutra na frente da pobre cafeteira
já quase enfartando e vocês nem aí só no desfrute
com o libidinoso açucareiro.
Não tenho palavras.
Estou pasmo e sentido.
Mas enfim eu chamei vocês para ter uma conversa séria.
Amanhã viajo e não sei quando volto.
Não me perguntem nada. Ouçam-me.
Parto amanhã e não sei quando volto.
Não faça esse bico, minha xicara.
Não é hora de desmaios, minhas botas.
Formiguinha, obséquio, acalme suas antenas.
No momento o que tenho a dizer é isso.
Parto amanhã e não tenho hora para voltar.
Portanto,
juízo.
Botas então nada de bostinha de poodle.
Formiguinha líder e seu bando nada de barrinhas de cereal.
Xícara seja gentil com a cafeteira e devolva-lhe a aliança.
Comportem-se.
Na volta eu conto os detalhes.
Domingos, meu querido amigo, grande poeta
ResponderExcluirEsta sua despedida comoveu-me!
Um encanto a conversa e as recomendações...
As botas, a xícara, a formiguinha: parece que as conheço de longa data, pessoalmente, com laço afetivo estreito, estreito...
Encantadores versos!
Abraço bem forte, preenchido de admiração, de respeito pelo seu lindo trabalho!
Elevada poetisa e minha amiga,
ResponderExcluirsaibas que de tudo que leio
(entre poetas e poetisas)
a tua poesia é uma das mais
tocantes e sinceras
...
Carinhoso abraço.
[obrigado pela gentileza]
Carpe Diem!
Teu jeito, único, de ver poesia no cotidiano e conseguir expressá-la com palavras é realmente impressionante...
ResponderExcluirNunca é demais dizer... poesia para visualizar e sentir...
Beijinho encantado, Domingos!
AnaLuz, a tua doçura e a vastidão
ResponderExcluirda tua alma que é impressionante
[alma sempre inspirada e atenta]
Obrigado por teu olhar sensível
sobre os meus versos.
Beijo carinhoso.
e a viagem far-se-á com os pés descalços.
ResponderExcluirque bom poder ler-te e comentar-te, poeta-amigo!
um forte abraço!
Um poeta de coisas
ResponderExcluirUm poeta de bichos
um poeta de tudo
Vim ver de perto quem a Cris homenageou.
Só podia ser muito bom.
bjs
Rossana
Jorge Pimenta, o prazer sempre será meu em ser observado por uma arguta alma
ResponderExcluir...
forte abraço,
grande poeta
e amigo!
Rossana, você é uma imensa poetisa!
ResponderExcluir[acabei de vir da tua plantação e deixei por lá meus olhos boquiabertos]
Beijo carinhoso.
Olá, Domingos.
ResponderExcluirAdorei seu poema... vc tem uma forma muito sua de expressar sua poesia e isso é maravilhoso...
Beijos amigo. :)
Onde anda você?
ResponderExcluirSaudades.
Beijo,
Carol
Obrigado, Colecionadora de Silêncios.
ResponderExcluirAfinal são os nossos espasmos e os nossos arrepios que transbordam
...
beijo carinhoso,
minha amiga.
Olá, Carol
ResponderExcluirestive sempre por perto
sempre por perto
...
Um beijo com muito carinho
pra ti, bela poetisa.
a despedida foi memorável, mas não esqueci do reencontro...
ResponderExcluirCris, minha doce poetisa,
ResponderExcluiro reencontro sempre será
mais belo [até mais
verdadeiro]
que a despedida
...
Beijo carinhoso.