Esperei o carnaval
para lavar o banheiro.
Ainda que um futuro presente
amanhã escreverei meu enredo:
escovão, sabão em pó,
alvejante, detergente.
As cerâmicas hão de sambar alegres.
O vaso sanitário de sorrisão aberto.
Darei um trato até na minha saboneteira
[um pequeno veleiro de plástico]
Esperei ansioso que o carnaval chegasse
já me causava náuseas a melancolia
do meu banheiro.
Atrás da porta, dentro da lixeira,
no ralo e acima do chuveiro
os inimigos multiplicavam-se
sob formas dionisíacas:
parasitas,
bactérias,
fungos.
Amanhã ainda que
um futuro próximo
será o fim deles.
Serei cruel.
Sádico.
Peço a deus apenas que nenhuma formiguinha
atravesse o meu caminho nem tente boiar
sobre a espuma do omo.
Eu não salvarei nenhuma delas.
Nem cortarei os pulsos.
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