Expulso meu filho do quarto,
tiro o jazz da vitrola:
é hora do silêncio
arrancar-me
as penas.
Calado eu contemplo
as minhas escamas
que pedem água.
Água que tem vive no mar.
O mar está sombrio nesse instante.
Só caem estrelas tristes
a queimarem os desejos
dos pescadores.
Nada de peixes.
(nem mesmo um cavalo-marinho
com os olhinhos de Neruda)
Pescador faminto não escreve
(o seu cardume dança debaixo do barco)
Difícil escolha: ou furar a jangada
e afogar-se com um peixe na boca
ou se esquecer do tempo
e admirar as estrelas tristes
desabarem.
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