sábado, 5 de fevereiro de 2011

filho

O meu amor por ti é o que alimenta os pássaros.
Que os torna velozes e fortes.

(felicidade pra eles enquanto não houver um fio
de alta tensão no meio do caminho)

O meu amor por ti é aquele que faz acordar um mamífero
ainda sonolento com frio sob uma nevasca para ver o céu.

Dizem que logo abre o tempo.
Mas se chover no lugar do eclipse
façamos uma fogueira.

O meu amor por ti é toda uma vida em volta do relógio
cujos ponteiros não têm fôlego suficiente
para alcançar o espanto.

Nem eu corro o bastante.
Nem há asas coladas nas minhas corcundas.

O meu amor por ti é explicado quando tenho pesadelos.
(o olhar que tu farias caindo da janela
o meu enlouquecido se não segurasse
as tuas mãos)

Mas tu me acordas
dando golpes de judô.

Derrubando o ventilador.
Gargalhando feito passarinho.

Se algum dia houver um fio de alta tensão no meio do teu caminho
estarei pronto para te ensinar a andar sobre o perigo.

Seremos então dois a agradecer
pelo eclipse que veio
e pela fogueira
que fizemos.

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