Dessa vez não houve como fugirem.
A nova tesourinha até parecia uma guilhotina.
E sem protestos (resignadas à afiada lâmina)
todas as unhas dos pés e das mãos
tombaram sobre a cadeira da varanda
e sobre os jarros.
A brisa (aproveitando-se da vidraça
entreaberta) de leve juntava alguns nacos
daquelas outrora gigantescas unhas de monstro.
Só agora alguns dedos me confessam
que há tempos existe cumplicidade
entre o corte e a unha.
E não importa
se tesourinha
de freira ou ninfa.
(penso comigo como deve ser triste
um cãozinho sem sofá e sem parede)
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