sábado, 5 de fevereiro de 2011

imperiosidade

As unhas têm vontade própria:
não há como domesticá-las
se quebram tesouras.

Não sei o que pretendem
(crescer até as nuvens?)

mas vi de perto
a tesourinha falecer
lânguida em silêncio

ao primeiro toque
na capa do dedão.

Nada foi cortado.
Nem uma pequena casca.

Apenas encostada
a tesourinha rompeu-se
(como se mandinga
dos dedos)

Cheguei a ouvir
um risinho irônico
do mindinho

(feito mortal
que escapa
da morte)

Guardei a tesourinha no estojo
ciente da desonra do objeto.

(um velho elefante
pede desculpas
quando parte)

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