Dificilmente o poema está completo.
Os meus, pelo menos.
Sou forçado a vê-los sob a luz do dia
se ainda têm graça nas túnicas
ou se o ímpeto noturno
deu-lhes o amarelado
dos sonhos.
Os meus lençóis
lembram-me que a vida
é cada pedacinho deles.
Arrumo a cama
pensando nos versos.
Na falta de juízo
de toda madrugada
naquele facho de luz
que bate na parede
quando não chove.
Os meus versos oscilam.
Seguram-se no braço da cadeira.
Sabem que estou por perto
para se for o caso
um adeus final
[catarse,
eutanásia]
embora eu prefira
podar uma plantinha
debaixo do olhar grave
de um mestre japonês.
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