Não se preocupe
você viverá bem
sem os outros.
Aproveite e dê margem
aos que vivem dentro
do seu olhar perdido
da sua voz trêmula.
Não creia que os outros
estarão juntos e lúcidos
na sua hora de loucura
naquela hora de pleno vazio.
O mal dos outros
é que a maioria
não se ama
o bastante
para abrir as portas das gaiolas
deixarem os pássaros em paz.
Sempre têm desculpas
neuroses e medo de ser um deles
um pássaro que cruza nuvens
e é queimado por um raio
que ninguém vê.
Não se preocupe
no exato momento da sua dúvida
você ouvirá o vento limpando
os seus ouvidos
e com a vista baixa
você enfim saberá
por que os dedos dos seus pés
sempre foram longos, tortos,
deselegantes.
E o mais incrível
é que amanhã
os seus dedos serão iguais
aos dedos dos pés dos outros
muito lindos, sem um calo
e sem uma nódoa
[é que a luz perde a claridade
quando acordamos]
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