Desconcertante o balé da pequena aranha
do teto à soleira da porta
sem rede de proteção
sem plateia.
A luz que passa pela janela do banheiro
ínfima réstia sequer clareia
seu dorso cristalino.
Ela assobia e calcula
a próxima acrobacia
(legítima praticante
de le parkour)
de pés juntos
alcança o cabide
ao mesmo impulso
chega à saboneteira.
Por último,
a pequena aranha
sobe na corda de nylon
(entre pregadores
de roupa)
cruza as patinhas,
entra em transe profundo.
Arrisco-lhe um beijo,
ela se espanta:
"chispa, poeta
ou vais perder a hora
da dentista"
Nenhum comentário:
Postar um comentário