quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

praça

Hoje choveu e não vou te dizer
que é a mesma coisa (olhos tenros
e coração apertado) ao contrário
nessa tarde gargalhei qual um louco
e os meus olhos sangraram de felicidade.

Já tenho a epígrafe
que tatuarei no braço.

São três versos simples.

Quando inscritos (modelo tribal)
tu então saberás a que distância
segue firme e forte o meu amor pela vida.

Hoje choveu e eu entendi que aos pombos
não há dia trágico se houver banquete na praça.

Com sensível elegância essas criaturinhas terríveis
bicavam o arroz, desfiavam a carne, guinchavam
(do fundo da marmita) o macarrão molhado.

Se porventura amanhã o sol abrir e lhes queime
o pescoço lá estarão eles com a mesma epifania.

Venho aprendendo muito por esse novo caminho:
a praça inundada ou com as gramíneas secas
os pombos não desejam companhia (apenas
alimento e água) .

A chuva é um descuido dos olhos da mulher.
O sol é a língua de um anjo rebelde.

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