Dizem que o poeta é um fingidor
porque é inacreditável
a sua tolice humana
enquanto homem comum:
ninguém de perto ou de longe
reconheceria a sua sublimação
os seus versos torrenciais
o seu combate metafísico
o seu olhar translúcido
e as suas asas de fogo
vendo-o gargalhando
contando anedotas fúteis
sendo mais comum e tolo
do que os homens
comuns e tolos.
Pergunto-me depois
(ausente do espantalho)
onde se mete o ente
que voa e rasga nuvens
em qual cidade encantada
esconde-se e morre.
O poeta distante de si
em companhia de outros
ou será um cínico terrível
ou um deus apaixonado
por seus filhos.
Nesse motim de almas
ganha-se a mortalidade
o insignificante lhe morde
fica na sua pele a honra
do humano (e a sua
imensa fraqueza)
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