terça-feira, 21 de abril de 2020

Feriado

Diga olá
pra chuva,
meu docinho.

Só ouço
os meus passos
dentro do seu coração.

Que coisa boa,
meu docinho.

Não se assuste
com os sonhos
bons ou ruins
que surgem
da minha
mente.

Aprendi a distinguir
a veemência da ilusão
da vontade de ser eterno.

Diga olá
aos passarinhos
das oitis da calçada
e beba meu cafezinho.

Só ouço os seus pés frios
passeando pelo tapete
da sala

e (cuidado)
Lola vai morder
qualquer dia desse
o seu lindo calcanhar.

Não se zangue
da minha apatia
e crença em fantasmas.

Os objetos de casa
(a xícara branca, sobretudo)
já fazem planos pra depois da minha morte.

Mas diga olá
à bela manhã
de mortos
e vazio.

Os passarinhos
conhecem meu coração
e não me poupam alfinetadas.

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