A questão fundamental da minha existência
é que me apaixono com absurda facilidade
pelos passarinhos, pelas lagartas-de-fogo,
pelas garotas desconhecidas da rua.
Perco o tato
entre amores
sobrenaturais.
Não durmo,
não me divirto,
passo a escrever
cartas de náufragos
para qualquer um solitário.
E assim vivendo
acabo estranho
assobiando
para os passarinhos,
lagartas-de-fogo
e pras garotas
que chegaram agora à minha rua
e já cantam alto das suas janelas
arrastando o meu coração
à encruzilhada.
Aquele anão cínico
de sorriso iluminado
saiu das floresta escura
tocou o meu ombro
oferecendo-me o banjo
e aos primeiros acordes
as garotas recém-chegadas
silenciaram-se e o céu explodiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário