Nunca me passou pela cabeça
que as cadelas adorassem
batata-doce.
Mas Lola
olhou-me
tão pedinte.
Piscou-me
três vezes.
Abriu a bocarra
e lambeu o focinho.
Sinto muitíssimo,
querida Lola.
Batata-doce
é para os veteranos
de guerra e de sonhos
que ainda levantam peso.
Não prestou atenção
como me olham
as vizinhas?
Detestam poesia (odeiam)
mas admiram meus braços.
Sabe, querida Lola,
você viveu nas ruas
e certamente reconhece
um sujeito bacana e estranho:
Deixe a batata-doce pro poeta.
Contente-se
com sua ração.
Por sinal,
das boas.
Os cães sagrados
das civilizações
antigas
banqueteavam-se
(acredite) da mesma.
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