quinta-feira, 16 de abril de 2020

Dinamarca

Nunca me passou pela cabeça
que as cadelas adorassem
batata-doce.

Mas Lola
olhou-me
tão pedinte.

Piscou-me
três vezes.

Abriu a bocarra
e lambeu o focinho.

Sinto muitíssimo,
querida Lola.

Batata-doce
é para os veteranos
de guerra e de sonhos
que ainda levantam peso.

Não prestou atenção
como me olham
as vizinhas?

Detestam poesia (odeiam)
mas admiram meus braços.

Sabe, querida Lola,
você viveu nas ruas

e certamente reconhece
um sujeito bacana e estranho:
Deixe a batata-doce pro poeta.

Contente-se
com sua ração.

Por sinal,
das boas.

Os cães sagrados
das civilizações
antigas

banqueteavam-se
(acredite) da mesma.

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