terça-feira, 7 de abril de 2020

Abstrações

Eis que vejo no quarto
estirado um couro
de bode

e penso:
Esse bode
era um bode
feliz ou melancólico?

Sonhava um dia
acabar objeto
decorativo

no meio do quarto
onde um poeta
escreve

coisinhas
sem sentido?

Nunca mais vi os pombos.
Você sabe que tenho trauma.

Ora, desde aquele dia da minha mocidade
em que ao pé do pombo uma carta
prendi com laços.

E o meu primeiro amor
nunca leu as minhas juras.

O bombo parou em praças
para beber vinho e comer grãos
e perdeu a minha missiva apaixonada.

Que papelão,
baby.

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