O meu tio Pedim
Tinha na sala de estudos
Uma infinidade de gaiolas
Com mil passarinhos presos.
Era difícil me concentrar
No ditado e nas contas
Ouvindo aquela alegria.
E viajava refletindo sobre
A felicidade dos passarinhos
Trancafiados em jaulas de arame.
Não fui eu quem envenenou com coca-cola a graúna.
Mas a partir da sua morte, meu tio Pedim perdeu as forças.
E em uma bela tarde de sexta-feira soltou todos os mil passarinhos.
A sala de estudos passou a me causar calafrios
Com a infinidade de gaiolas vazias e tristes.
Andei, então, a refletir
Sobre a solidão eterna
Do meu peito de criança.
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