terça-feira, 16 de junho de 2015

A minha avó entrou em amnésia profunda
Quando perdeu o seu grande amor.

Passava dias catatônica
Com o olhar perdido,
Distante,

Atravessando
O corredor
Escuro.

Ao despertar,
Caminhava pela casa
E pelo quintal enlouquecida

Invocando dos campos de batalha
E dos salões de baralho o seu amado.

Muitas vezes, exausta
Fechava-se em seu quarto,
Orava ladainhas e fazia as malas.

Conseguia sempre alcançá-la
Na esquina do cemitério.

Segurava-lhe o braço,
Beijava-lhe a cabeça.

Entre irritada e lúgubre
A minha avó chorava
E sorria:

"Meu netinho, onde diacho
Meteu-se o meu velho?"

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