sábado, 13 de julho de 2013

suavidade

Mil cores tem o telhado
visto deitado e as paredes
mil pernas quando correm
pro saudoso abraço do filho.

A morte é minha melhor amiga
e vive ao meu lado me pedindo
para que eu olhe o teto deitado
e veja como correm as paredes.

Essa confusão mental
é a alegria dos botões
de rosas despetaladas.

Água de chuva
ou água de regador
trazem o mesmo deleite
para quem se cansa de ser só.

E tudo que sou é chama
a queimar meus pés
e mãos.

A morte é minha parceira
dia a dia quando os botões
das rosas o vento os leva.

Desce logo do teto
senhora aranha de mil pernas
abraça-me depressa senhora sombra
de mil cores e mil olhos assustadores.

As rosas sozinhas depois do parto
precisam de ti, ó jardineiro,
esquece a maldade
das abelhas.

As tolices de assustar
não significam tanto
quanto aquelas
que salvam.

Salva-te primeiro
e depois leva as nuvens
dentro do bolso do teu bermudão
para encher de delícias as plantinhas da varanda.

O regador de plástico
está de castigo, não o toques.

Será lindo o dia amanhã,
pois sinto minha língua
fora da boca

e os dentes
trincando
lábios.

Essa confusão mental
é presságio que sou
triste mas não morto.

Porque tristeza
não combina
com morte.

Nem esta
com alegria.

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