Mil cores tem o telhado
visto deitado e as paredes
mil pernas quando correm
pro saudoso abraço do filho.
A morte é minha melhor amiga
e vive ao meu lado me pedindo
para que eu olhe o teto deitado
e veja como correm as paredes.
Essa confusão mental
é a alegria dos botões
de rosas despetaladas.
Água de chuva
ou água de regador
trazem o mesmo deleite
para quem se cansa de ser só.
E tudo que sou é chama
a queimar meus pés
e mãos.
A morte é minha parceira
dia a dia quando os botões
das rosas o vento os leva.
Desce logo do teto
senhora aranha de mil pernas
abraça-me depressa senhora sombra
de mil cores e mil olhos assustadores.
As rosas sozinhas depois do parto
precisam de ti, ó jardineiro,
esquece a maldade
das abelhas.
As tolices de assustar
não significam tanto
quanto aquelas
que salvam.
Salva-te primeiro
e depois leva as nuvens
dentro do bolso do teu bermudão
para encher de delícias as plantinhas da varanda.
O regador de plástico
está de castigo, não o toques.
Será lindo o dia amanhã,
pois sinto minha língua
fora da boca
e os dentes
trincando
lábios.
Essa confusão mental
é presságio que sou
triste mas não morto.
Porque tristeza
não combina
com morte.
Nem esta
com alegria.
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