Poeta, a ti desde o início dos tempos
no escuro da caverna e ao redor
da fogueira assando javali
foi te dada uma missão:
ser louco ao ponto
de tu não saberes
o que é mente -
o que é frio,
o que é quente.
Se tu, poeta, és dócil
que seja doce apenas
o teu simples coração.
Pois tua mente é a caverna
e escreve nas paredes
teus delírios
com os dedos sujos
da gordura
de javali.
Ao dia seguinte
reserva-te somente
à tristeza de lavar os teus óculos.
Mas isso, poeta,
já é outro papo
de solidão.
Não precisas ir ainda
ao céu nem ao inferno.
Lava teus óculos
e chora em paz.
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