segunda-feira, 8 de julho de 2013

fulgores

Poeta, a ti desde o início dos tempos
no escuro da caverna e ao redor
da fogueira assando javali

foi te dada uma missão:
ser louco ao ponto
de tu não saberes
o que é mente -

o que é frio,
o que é quente.

Se tu, poeta, és dócil
que seja doce apenas
o teu simples coração.

Pois tua mente é a caverna
e escreve nas paredes
teus delírios

com os dedos sujos
da gordura
de javali.

Ao dia seguinte
reserva-te somente
à tristeza de lavar os teus óculos.

Mas isso, poeta,
já é outro papo
de solidão.

Não precisas ir ainda
ao céu nem ao inferno.

Lava teus óculos
e chora em paz.


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