Preciso ficar pensando
todos os instantes
que sou carne.
Senão viro seda, folha seca,
cachos de papai-noel e saio
voando pelas calçadas
e telhados.
Preciso não esquecer que sou carne.
Um pedaço de carne ambulante.
Caso contrário me transformo em pena de pombo.
Atravesso a janela. Invado a sala.
Pouso sobre o sofá.
Um pedaço de carne é um pedaço de carne.
O seu destino é pesado. Não é plumagem.
Preciso andar confiante.
Cheirar meu braço.
Morder meu braço.
Dizer para mim mesmo
antes que eu desmaie
que sou carne.
A todo instante eu não posso esquecer de repetir:
sou um pedaço de carne um pedaço de carne.
carne da minha carne, grito eu
ResponderExcluirabraço
Irmão Assis,
ResponderExcluirestive relendo o teu livro de contos,
camarada, tu escreves muito
intenso e sem nunca perder o fio
...
forte abraço.
"Um pedaço de carne
ResponderExcluiré um pedaço de carne.
O seu destino é pesado.
Não é plumagem."
Não reclamemos, pois...
Um abraço,
Doce de Lira
amigo domingos,
ResponderExcluirque a carne seja sempre carne. e o homem um pouco mais para além dela.
forte abraço!
És um músculo, Domingos! És coração.
ResponderExcluirBeijinho
Que lindo, Domingos!
ResponderExcluirMas eu prefiro virar pena, seda ou folha seca...
bjs
Rossana
Sou carne que se rende à leitura de uma pele...
ResponderExcluirBeijinho, poeta dos dias...
Renata,
ResponderExcluiré justamente essa plumagem
que nos toca de forma invisível
...
Abraço carinhoso.
Grande poeta e amigo Jorge Pimenta,
ResponderExcluirsó em reconhecê-la carne
o homem ultrapassa
aquela margem
que ora enlouquece
que ora ilumina
...
Forte abraço.
Sandra,
ResponderExcluira sua alma
é que é uma pluma
sensível e cintilante
...
Beijo carinhoso.
Rossana,
ResponderExcluirtalvez o corpo precise
de um tanto de etéreo
e também de densidade
para andar e levitar
ao mesmo tempo
...
Beijo carinhoso.
Lindo demais!
ResponderExcluircarne da carne do Assis, repito eu.
ResponderExcluire vão se churrascar os dois, sem mim, que sou apenas uma boa alma...
abraço descarnado!
AnaLuz,
ResponderExcluirque lindo o que disseste
"Sou carne que se rende à leitura de uma pele..."
...
Beijo carinhoso,
sensível poetisa.
Valéria, olhar o corpo
ResponderExcluircomo se separado dele
nos traz uma brandura
inquietante
...
Abraço carinhoso.
(hehehehehehe)
ResponderExcluirTuca, camarada,
não te esqueças
que as boas almas
também se perdem
no caminho da "carne"
...
Forte abraço.
carne, Domingos, carne absoluta,
ResponderExcluirdesde que a orelha não seja a do Van Gogh, carne descartada.
mordamos, pois, cada um a própria carne.
vorazmente, auto-canibalisticamente, até o derradeiro mindinho do pé.
carne comendo carne, digerindo carne, defecando carne... e assim por diante, num moto-contínuo de auto-conhecimento e afirmação do mero artigo de açougue que somos no grande mercado globalizado.
abraço
Manoel de Barros costuma dizer que não está poeta, mas é poeta [leia-se: 24 horas]... se a gente não atenta, viaja e passa a ser ao invés de somente existir... eis a matéria de que é feita a poesia...
ResponderExcluirWilden, é essa carne
ResponderExcluira revelação do pouco
que somos
...
forte abraço.
Francisco, a capacidade
ResponderExcluirde estar atento ao corpo
enquanto os pés fogem
das pernas e estas
do tronco
talvez seja a fonte
da exuberância poética
...
forte abraço.
Então desaba o conceito que a carne é fraca.
ResponderExcluirCamarada Fred,
ResponderExcluira carne [a carne de que estamos falando] é a própria consolidação
do fogo!
forte abraço,
irmão.
repete até acreditar.
ResponderExcluirVanessa, e por mais que eu repita
ResponderExcluiros músculos tremem me aprisionam
[embora eu não acredite]
...
Beijo carinhoso.
ser carne doi mais, plumagem cai docemente. Ora ser pluma, ora ser carne
ResponderExcluirCynthia, é um equilíbrio
ResponderExcluirdifícil quando o pássaro voa
ou quando o antílope foge
da predador
...
Mas é o tesouro.
O único.