terça-feira, 19 de abril de 2011

a psicologia dos mortos

A essência é tudo que tenho.
Tanto no corpo quanto
nos reflexos dele.

Não preciso plantar árvores
para sentir nas unhas o gosto da terra
tampouco escalar montanhas para que
as nuvens me beijem.

A essência das coisas que estão fora
está dentro de mim com a mesma
inconfundível magia.

Assim é a vida que me transborda
e deixa minha xícara sempre meia.

Assim é o dia que amanhece e traz na juba
o que o leão sacode ao vento: raios, chuva,
gramíneas, poeira, alguns insetos pregados.

Tudo que a vida nos oferece
é esse pacto turvo e diáfano
entre acreditar ou sorrir.

Posso então chamar esse tudo de essência.
E é todo o meu amor esse tudo que tenho.

8 comentários:

  1. O poeta sente a dor do mundo
    e nem sabe até onde esse mundo vai
    mas tudo vai parar
    na essência de suas palavras.

    Amei este poema!

    Beijo.

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  2. a essência exaltada é a mais bem cuidada, pena mesmo eu as vezes me esquecer dessas origens. belo texto
    abrçs;

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  3. esse é pedra de toque, mirra filosofal, substancioso e etéreo


    abraço

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  4. "Assim é a vida que me transborda
    e deixa minha xícara sempre meia."

    Deixa-te transbordar para nunca te sentires farto da vida...

    Beijinho com exclmação, poeta Domingos!

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  5. Lara, de fato, é uma dor tão sigilosa
    quanto a essência impronunciável
    ...

    Beijo carinhoso.

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  6. Camarada João, talvez no esquecimento
    haja ainda mais espanto e magia
    ...

    forte abraço.

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  7. Irmão Assis,
    é essa tal nebulosa
    que nos condensa
    e nos evapora
    ...

    forte abraço.

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  8. AnaLuz, que a tua xícara
    também nunca se derrame
    completamente
    ...

    [ainda há tantos versos
    e tantas surpresas]

    beijo carinhoso,
    sensível poetisa.

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