é tarde, moço
muito tarde
para ser feliz
embarque agora
não pense em despedida
termine de beber seu cafezinho
e não se sujeite ao destino
ou à dúvida
é muito cedo, moço
para esquentar a cabeça
antes da morte e da calvície
suba no pégaso
a galope
as asas chiam
mas só espantam
moscas e tartarugas
as moscas chegam até as paredes
as tartarugas se envaidecem da paciência
e o que tem você, moço
contra moscas e tartarugas?
é tarde, seu moço
muito tarde para se opor
ao que queima as têmporas
ao que redime a sombra
não há equilíbrio
entre o tênue e o denso
o que existe mesmo é tempestade
de sal e de acre
de saliva e de soluços
mas o que tem, seu moço
ser perdido e vil
entre coisas
e ideias?
não há o que se celebre
nem o que se negue
a sua cabeça é louca
o seu sonho é um fardo
então não desça do lombo do pégaso
faz tempo [tanto tempo]
seu moço
que o vento da tempestade
riscou seu rosto apartou seus cílios
brincou de abelha dentro dos seus olhos
e o que vejo é sal e acre
é um aperto sem noção
é um desamparo
cujo espelho
é a coragem
cuja alma
é o corpo
cuja fonte
é o barro
é tarde, seu moço
para dividir os pulsos
para enxergar caolho
para andar reto
sendo coxo
só o seu pégaso
conhece o frio
do telhado
e sabe da distância
entre o homem
e as estrelas.
” que o vento da tempestade
ResponderExcluirriscou seu rosto apartou seus cílios
brincou de abelha dentro dos olhos”
Versos extremamente cativantes!! Ótimo trabalho!
Grande abraço!
Adriano MB
Obrigado, camarada
ResponderExcluirsobretudo por sua sensibilidade
poética
...
forte abraço!
ô moço, posso dar uma voltinha no seu pégaso?
ResponderExcluirCris [Flor Dourada]
ResponderExcluiro pégaso conhece
as estrelas
já viu uma de perto?
Sobe.
Beijo carinhoso
de torar, tremi
ResponderExcluira
braço
de fato um poema
ResponderExcluirintenso
...
Forte abraço,
irmão Assis.