sexta-feira, 8 de abril de 2011

constatações

Se fosse tranquila a vida
o mar não teria ondas
nem dos céus
coriscos,

a minha jangada
um barquinho de papel

e a minha toalha
o focinho de zé colmeia
ou talvez o riso de um golfinho.

Mas a vida tem ressacas gigantescas
tem relâmpagos assustadores

a minha jangada é sempre engolida
por uma baleia que não permite
conversas tarde da noite
dentro do seu útero

[reclama ela que toda palavra
traz junto uma perturbação humana]

A vida não é serena.
O mar calmo é traiçoeiro.

E só agora fica claro que a minha toalha também
se mostra a mais aterrorizante sombra
estirada no varal do banheiro.

6 comentários:

  1. Que bom passar por aqui! Volto sempre agora.

    Amei o texto.

    Tenha um lindo fim de semana.

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  2. Valeria, a minha alma poética é vossa
    e todas as portas e janelas abertas
    ...

    Ótimo final de semana.

    Abraço carinhoso.

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  3. amigo domingos,
    que viagem sem asfalto de sangue?
    e que mares sem moby dicks com o estômago do tamanho da inveja dos homens?
    não nos resta alternativa senão vestir a vela e balouçar o corpo como os marinheiros. ainda assim, sem cair. a arpão vive na cabeça.
    um abraço!

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  4. Grande poeta e amigo Jorge Pimenta
    o teu olhar poético é uma tempestade de revelações
    ...

    forte abraço.

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  5. há constatações que são epifanias,

    a
    braço

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  6. essas constatações epifaníacas
    nos abençoam
    ...

    forte abraço,
    irmão Assis.

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