Estou para conhecer alguém tão falastrão quanto o poeta.
Mesmo calado só olhando é um exímio usurpador.
A verdade é que leio pouco poesia.
Ou melhor, não leio.
Em dias macabros deixo um bom livro
debaixo do travesseiro e os fantasmas
fazem todo o resto: usando o cuspinho
da língua nos dedos, folheiam poemas,
escolhem os melhores, sussurram-me.
Às vezes sob o poder dos versos ando pela casa
sonâmbulo cantando odes e há quem muito goste:
as paredes.
A verdade é que não existe alguém tão enigmático quanto o poeta.
Se digo enigmático quero dizer uma espécie de coroinha do diabo.
Sabe que as palavras é um retrocesso diante do que veem no entanto
escrevem com uma fúria patética de cavalo picado por abelha africana.
Eu quase não leio poesia.
Conheço bem o ultraje dessa casta.
Levantam os olhos aos céus mas são os pés atolados no pântano
o que mais lhes oferece conforto, deleite, mistério, santidade e luz.
A verdade é que o poeta é um melindroso xamã desdentado.
Caso não chova ao seu desejo e hora torna-se insuportável.
Pensando até em queimar seus livros
e quebrar sua xícara contra a estante.
o poeta e a palavra um fuça o outro, é corda e caçamba e no final dá em samba ou sinfonia ou alegoria
ResponderExcluirabraço
é isso mesmo,irmão Assis,
ResponderExcluirum tal de jogo e suspense
que no final todo assombro
é dádiva
...
forte abraço.