sábado, 18 de julho de 2015

Os tambores vinham do outro lado da rua. Diziam os antigos que tambores quando tocam assim é o demônio convidando os menos avisados das coisas do demônio pra festejos. Os tambores vinham do outro lado do rio e os pescadores mais antigos diziam que tambores assim era de um perigo afogar-se em alto mar ainda com os pés na praia. Como eu ainda era jovem, ingênuo e gostava de arriscar os meus pulsos perto de lâmina enferrujada, fui, atravessei a rua e atravessei o rio, deparei com mulheres seminuas dançando. Os vestidos de renda, transparentes, alvos que me cegavam. Cego dos olhos, mas vendo outro mundo com o coração pegando fogo, dancei, dancei com aquelas mulheres loiras, negras, caboclas e não parei mais de dançar. A rua fica do outro lado e do outro lado o rio. Hoje durmo por lá exausto com o cheiro forte de amor e carne.

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