Se fosse fácil
não dar ouvidos
aos maus pensamentos
os diabinhos seriam infantis.
Coisa que não são os diabinhos - infantis.
São todos macacos velhos e velhacos
de primeira sutileza
e última viagem.
Não lute contra eles,
afinal a nossa natureza
parte da loucura das vozes.
E não há nesse mundo
voz que a sua mente
ouça que não tenha
vindo do inferno.
Todas, meu filho,
sem exceção.
No alto da montanha
ou debaixo da sua cama
a voz que chega aos seus ouvidos
parte do inferno - que nada mais é
a sua alma indecisa a que caminho:
se seguir a lucidez do escárnio
ou, apática, debruçar-se
sobre os encantos
deles -
todos são vistosos,
meu filho, de fato
encantadores.
Não é fácil ultrapassá-los
se o corpo deles é semelhante
ao nosso corpo e a alma deles
conhece mais segredos dos céus.
Tente apenas não lhes dar cabimento
esticando tanto o palavrório
nem ofereça tanta seda
ao silêncio.
Nunca se sabe,
meu filho -
se lã nas palavras
ou carrapato na ausência.
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