domingo, 29 de setembro de 2013

quando se poda a alma

Uma planta de longos braços
agora são tentáculos mortos
dentro de um saco

[a faca na pia,
esverdeada
lâmina].

Se tivessem abatido um touro
costelas à mostra e sangue
não ficaria tão comovido.

Mas aquela planta extirpada
eu conhecia há muito tempo.

Conversamos sobre a solidão
e cortei as minhas unhas
em sua companhia.

Se fosse um coelho abatido
o couro e pele secando
ao sol da primavera

não estaria
tão comovido.

Mas aquela planta
tínhamos intimidade.

Vejo-a do quarto -
o saco inclinado
não suporta
o peso.

Eram braços viçosos,
longos, verdes.


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