Até que ponto meus olhos
corrompem minha alma
é um mistério.
O rosto é corrupto
diante do espelho.
Seria a alma uma rata
diante da poesia?
Por escrever versos
tento descobrir caminhos
outras faces por minhas mãos.
O fato precioso
é que muitas vezes
as minhas mãos tomam
de arroubo outro rosto
outras almas além de mim.
E só depois,
segundos ou uma vida,
percebo que pessoas as mais distantes
aquelas que nunca me viram nem leram minha poesia
falam com a minha voz e escutam com os meus ouvidos.
Verdade é que esse lúcido transtorno
ajuda para que a poesia não me falte.
Os olhos perdem a importância
diante do mistério e a alma
recolhe-se no absurdo.
No meu absurdo.
No meu recôndito absurdo.
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