A poesia me ensina
a fazer o mingau
e a comer
sozinho.
Há um limite a ser respeitado
entre mim e o outro -
sou eu quem marca
a fronteira.
Um passo além do risco
é guerra.
Enquanto com a poesia
são abolidas estacas
e cruzes.
E não há nenhuma regra,
técnica e testemunho
de que sairei vivo.
Mas lhe confio minha alma.
Não confio ao outro.
O outro embora ouça meus segredos
e me pareça confiável há tensão:
uma morte esperada.
A poesia, ao contrário,
evolui comigo sem que esteja
propriamente seguindo meus passos.
Dela é o assombro.
O assombro que me fortalece.
E me ensina a fazer o mingau sozinho
e a comer sem medo e sem dúvidas.
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