Marteladas de um pedreiro lá fora
e pingos caindo de uma torneira quebrada
é tudo que tenho para te oferecer nesta manhã.
Forças ainda me restam
para abrir a boca de um hipopótamo
até que o bicho me peça clemência, clemência.
Mas que onda é essa, rapaz, hipopótamo
de boca torta? Melhor é pensar na velhinha
do prédio vizinho.
Talvez eu seja mesmo sua única alegria nessa vida.
E deixo que ela me espie sem constrangimentos.
Banho-me naturalmente,
pensativo, distante.
Às vezes o sabonete cai
e eu olho pra janela da velhinha.
Lá está ela -
atenta e simpática.
Dos gestos quotidianos a um belo poema.
ResponderExcluirBeijo
Costumo estar atenta ao que me tenta.
ResponderExcluirBeijo, bruxo*
(Gostei de ver reaberta esta janela)
A poesia se faz de coisas simples, de gestos aparentemente banais. Basta que estejamos disponíveis para percebê-la.
ResponderExcluirGrande abraço,