Não paro de tomar meus remédios
e deixarei meus cabelos crescerem.
Andarei pisando neles
brancos e fininhos.
Os passarinhos hão de pegar carona
nos cachos ainda úmidos do banho
como se fosse uma orquídea
minha cabeleira.
Vai demorar um ano,
dois, sabe-se até um século.
Mas não paro de tomar meus remédios
e deixarei os meus cabelos crescerem.
Quando morrer estarei belo
com os cabelos grandes
tomando minha testa
a minha grandiosa
e larga testa.
Poderei enfim suspirar para cima
e ver uma madeixa levantar-se
feito braço de bailarina
ao vento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário