sábado, 30 de março de 2013

páscoa

Não paro de tomar meus remédios
e deixarei meus cabelos crescerem.

Andarei pisando neles
brancos e fininhos.

Os passarinhos hão de pegar carona
nos cachos ainda úmidos do banho
como se fosse uma orquídea
minha cabeleira.

Vai demorar um ano,
dois, sabe-se até um século.

Mas não paro de tomar meus remédios
e deixarei os meus cabelos crescerem.

Quando morrer estarei belo
com os cabelos grandes
tomando minha testa
a minha grandiosa
e larga testa.

Poderei enfim suspirar para cima
e ver uma madeixa levantar-se
feito braço de bailarina
ao vento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário