A poesia é uma excelente prisão:
todos os dias eu limpo a vidraça
com meu hálito para que aves
sintam inveja da mocidade
das minhas asas.
As grades lustro usando meus cílios.
E o teto é o bico das minhas botas.
As francesinhas que passeiam
sobre meu prato sempre me
guardam uma migalha
em noites de fome.
E água quem me traz
é uma velha lagartixa.
Bebo da boca dela
e só reclamo quando
sinto gosto de formiga.
No mais, a poesia é uma excelente prisão.
Sobretudo para jovens senhores
cansados da velhice.
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