terça-feira, 12 de março de 2013

o menino do dedo lilás

Ainda sou uma criança que come sabonete
de tão apaixonado por chocolate.

Que brinca com os cadarços dos tênis
imaginando tentáculos de monstros marinhos.

Que conversa com as paredes,
conversa com as nuvens,
conversa com formigas

e mata baratas
com requinte
de crueldade.

Ainda sou uma criança barriguda,
lombriguenta, amarela, silenciosa,
distraída, invejosa, olhos tristes
e uma boca grande.

Se vivo só não é por querer
é que sigo ordem do anjo da guarda.

Ele é um tolo,
esse meu anjo da guarda,

mas é somente ele que segura minha mão
naquelas noites em que penso abrir
a porta dos fundos
e ir embora.

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